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Amazônia, Pará, Brazil
Gestor Ambiental, Técnico em Pesca e Aquicultura, com experiência em pesca artesanal continental, estuarina e litorânea. Trabalhou no Departamento de Ictiologia do Museu Paraense Emílio Goeldi (convênio, FINEP/IBAMA/MPEG/CNPq); no Projeto de Manejo dos Recursos Naturais da Várzea, Sub Projeto Estatística Pesqueira, do Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais do Brasil do Ministério do Meio Ambiente (conv. MMA/FADESP/UFPA); no Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM / WWF) e foi colaborador na Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Medicina e Segurança do Trabalho (FUNDACENTRO-Pará / Mistério do Trabalho e Emprego.). Atualmente é Extensionista Rural da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará – EMATER.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

NO FINAL DA RIO +20 LEMBRARAM DA PESCA E DOS OCEANOS.


“Recebi muitas mensagens  dos leitores do blog durante a semana da Rio +20 para postar assuntos referentes a pesca. Portanto tomei a decisão de não comentar sobre o assunto. Na última semana, assistindo os noticiários, percebi que lembraram da pesca predatória e da destruição dos oceanos, então resolvi contribuir escrevendo o texto abaixo que fala do crime cometido a dezenas de anos e nossos estuários e litoral pela lanchas de arrastos”.

ARRASTO DA PIRAMUTABA NO LITORAL PARAENSE

Por Nadson Silva Oliveira



Com o incentivo do Governo Federal no início da década de 70, começam as pescarias industriais de arrastos no estuário do rio Amazonas. Os apetrechos utilizados pela frota industrial é a rede de arrasto de fundo, conhecida como saco túnel. As capturas se dão preferencialmente na foz do rio Amazonas que compreende a região da contra costa da ilha do Marajó e Amapá. Só pra terem uma ideia,  nas décadas de 70, 80 e início de 90, as capturas se davam nas proximidades do litoral da ilha do Marajó, principalmente na ilha do Machado e foz do rio Pará (Baia do Marajó), em profundidades inacreditáveis (de até 5m). Nessa época eram utilizadas redes com malhas de até 50 mm e o descarte da fauna acompanhante era absurda e passava de 70% do total capturado.Inacreditavel!

Os arrastos dessas embarcações causaram e ainda causam um grande impacto para as populações ribeirinhas e para os pescadores artesanais que abastecem o mercado de Belém e outros entrepostos pesqueiros da região Norte, e para própria indústria pesqueira. Por causa desta atividade predatória em nosso litoral, brevemente os estoques das maiorias das espécies de peixes, entrarão em colapso, principalmente as Bentônicas e as Demersais, que não realizam longas migrações e vive praticamente o tempo todo nesses pesqueiros.

Depois de 40 anos de captura ininterruptas, agora é proibido por lei o arrasto da Piramutaba (Brachyplatystoma vaillantii) no período de 15 de setembro a 30 de novembro. Nas áreas consideradas criadouros a atividade de arrasto fica proibida o ano todo. A instrução normativa nº. 5 do dia 10 de setembro de 2002 proibiu, no período de 1º. de Outubro a 30 de Novembro, o exercício da pesca em toda área de ocorrência da espécie, na foz dos Rios Amazonas e Pará. E a normativa de nº. 6 Proíbe o exercício da pesca de arrasto, de qualquer sistema, no criadouro natural de espécie aquática dos Rios Amazonas e Pará, na área que vai até os limites definidos pelo Paralelo de 00º e 05’ N e Meridiano de 048º 00’ W e, Limita em 48 embarcações a frota que opera na pesca de arrasto da Piramutaba e outros bagres, da mesma ordem.

Atualmente a legislação permite o tamanho mínimo de 120 mm para a malha do túnel e limita para 48 o número de embarcações, mas é comum encontrarmos sacos com malhas com tamanho inferiores e dezenas de barcos sem permissão para atuarem nessa atividade. Infelizmente!

Segundo dados da ONU:
Os oceanos são uma fonte primária de proteína para mais de 2,6 bilhões de pessoas;
A pesca marítima emprega direta ou indiretamente mais de 200 milhões de pessoas;
Total de subsídios para a pesca em 2010 somou mais de 27 bilhões de dólares por ano agravando a pesca predatória. Subsídios muito superiores ao valor total adicionado pela pesca anualmente;
Cerca de 40% dos oceanos são fortemente afetados pela atividade humana, incluindo poluição, pesca predatória e práticas pesqueiras destrutivas, além da perda de habitats costeiros;
A quantidade de “capturas acessórias” – peixes e outras espécies capturadas acidentalmente por navios pesqueiros – foi estimada em 20 milhões de toneladas no mundo em 2010. Isto é equivalente a 23% de todos os peixes e outras espécies capturadas – e o número está crescendo. As capturas acessórias, geralmente jogadas mortas de volta ao mar, ameaçam espécies em extinção e contribuem para o declínio da pesca;
Os recifes de coral estão entre os ecossistemas biologicamente mais ricos e produtivos do mundo, oferecendo benefícios para milhões de pessoas. Eles fornecem alimento, amparo a meios de subsistência, apoios ao turismo servem como berçários para espécies comerciais de peixes e protegem a costa;
Estima-se que 75% dos recifes de coral do mundo estão ameaçadas pela mudança climática, incluindo aquecimento dos mares e o aumento da acidificação dos oceanos, bem como atividade humana local. Sem ação corretiva, mais de 90% dos recifes estarão ameaçados até 2030 e quase todos estarão em risco até 2050;
Os nove países mais vulneráveis à degradação e perda dos recifes de corais são Comores, Fiji, Filipinas, Granada, Haiti, Indonésia, Kiribati, Tanzânia e Vanuatu.

Propostas da ONU para a Rio+20
Propostas que estão sendo consideradas nas negociações da Rio +20 visam a coibir a pesca predatória, assim como a pesca ilegal, não declarada e não regulamentada; expandir áreas marinhas protegidas, reduzir a poluição dos oceanos e monitorar melhor os impactos das mudanças climáticas, tais como a acidificação dos oceanos. Também está em discussão uma proposta para estabelecer um processo de negociação para um acordo de execução sob a UNCLOS, para tratar da conservação e do uso sustentável dos estoques de peixes e biodiversidade marinha, além de áreas de jurisdição nacional.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Semana nacional do meio ambiente é balela para Pescadores Artesanais da Amazônia.

APESAR DO GRANDE POTENCIAL ECONÔMICO A PESCA ARTESANAL DA AMAZÔNIA NUNCA FOI CONTEMPLADA COM AS POLÍTICAS PÚBLICAS LOCALIZADAS NA SEMANA DO MEIO AMBIENTE.


A Região Amazônica por apresentar a maior bacia hidrográfica do mundo, aproximadamente sete milhões de quilômetros quadrados, dos quais cerca de quatro milhões estão em terras brasileiras e uma extensa área costeira, os mares e rios acabam representando uma das mais importantes fontes de alimento e emprego para a população da região norte do Brasil. Mesmo assim nunca se ver ações de educação e sensibilização ambiental pertinente às atividades pesqueiras artesanais na tão esperada Semana Nacional do Meio Ambiente.

A produção da atividade pesqueira artesanal da Amazônia abastece o mercado local, regional, nacional e internacional. Destaca-se também pelo grande número de trabalhadores que emprega. Mais de 250 mil pescadores, somente nos Estados do Amapá, Amazonas e Pará, sem considerar os que pescam para segurança alimentar de suas famílias (subsistência). Também absorve boa parcela da mão-de-obra não qualificada para o mercado formal do meio urbano. Além de aspirar esses trabalhadores que desenvolvem atividades como, carregadores, sacoleiros, verdureiros e peixeiros. Também mantêm profissionais que indiretamente estão ligados a esse setor: balanceiros, caminhoneiros, vendedores de lojas de ferragens, motores, mecânicos, funcionários de fábricas de gelo e de apetrechos de pesca, carpinteiros navais, entre outros.

Historicamente a pesca tem sido de fundamental importância para a economia da região norte do país. Sendo assim, as questões relacionadas aos recursos pesqueiros assumem fundamental importância para o homem Amazônico. O Pescador Artesanal tem total dependência dos recursos existente na natureza, acontece que o livre acesso aos recursos naturais por toda população tem colocado em risco a manutenção desses trabalhadores que sempre foram marginalizados e tiveram ao longo do tempo pouca importância para o Estado. Atualmente, o que ainda assegura essa população são as aposentadorias e os seguros desempregos que recebem do governo no período de defeso determinados para os rios da Amazônia. As políticas públicas que tanto se fala pouco e quase nenhum resultado se obtiveram, na verdade, sempre serviu para alguns “representantes” se promoverem politicamente. Esta é a verdade!

Ironicamente esta atividade extrativista de grande expressão econômica e social, nunca teve apoio público para ser feito de forma sustentada, respeitando regras biológicas, naturais e a promoção e proteção do pescador. Entretanto, a preocupação com o controle e a reposição dos estoques foi o que menos importou para o poder publico e para os empresários do setor. É certo afirmar que o único pensamento que circunda a mente de muitos Pescadores Artesanais da Amazônia, é a incerteza de dias melhores.


Texto e imagem: Nadson Oliveira (direitos reservados).