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Amazônia, Pará, Brazil
Gestor Ambiental, Técnico em Pesca e Aquicultura, com experiência em pesca artesanal continental, estuarina e litorânea. Trabalhou no Departamento de Ictiologia do Museu Paraense Emílio Goeldi (convênio, FINEP/IBAMA/MPEG/CNPq); no Projeto de Manejo dos Recursos Naturais da Várzea, Sub Projeto Estatística Pesqueira, do Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais do Brasil do Ministério do Meio Ambiente (conv. MMA/FADESP/UFPA); no Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM / WWF) e foi colaborador na Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Medicina e Segurança do Trabalho (FUNDACENTRO-Pará / Mistério do Trabalho e Emprego.). Atualmente é Extensionista Rural da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará – EMATER.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

FRAUDE NO SEGURO DEFESO coloca em xeque a sustentabilidade dos pescadores da Amazônia.












O grupo que era chefiado por Derimar (presidente da Z-44) e João pancinha (tesoureiro) para fazerem falsas inscrições de pescadores no cadastro que dá direito ao seguro-defeso foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF). Os sete acusados por estelionato agiam na colônia de pescadores Z-44, em Itupiranga, no sudeste paraense, margem esquerda do rio Tocantins.
O procurador da República Tiago Modesto Rabelo relata que as investigações feitas pela Polícia Federal comprovaram que o presidente e o tesoureiro da colônia de Pesca de Itupiranga efetuavam os falsos registros e encaminhava os requerimentos ao Ministério do Trabalho e Emprego para fraudar o seguro-defeso, benefício de um salário mínimo mensal criado para auxiliar o sustento das famílias de pescadores durante o período de proibição da atividade pesqueira.
Além de registrar não pescadores, os fraudadores emitiam recibos falsos com informações sobre o quantitativo anual de pescado. Ao conseguir o benefício, a dupla ficava, em alguns casos, com até 50% dos recursos arrecadados em nome dos beneficiários ilegais.
O presidente e o tesoureiro da colônia chegavam a cobrar uma “taxa” para o recebimento do benefício até mesmo de quem tinha direito ao seguro-defeso.
A prática de corrupção nas colônias de pesca na Amazônia não é novidade para ninguém, principalmente para o Ministério Público Federal. E na maioria das vezes as diretorias das colônias de pesca (Z’s) tem apoio de políticos locais. No caso de Itupiranga muitos dos associados são cadastros a mando de deputados federais e estaduais de vários partidos.

Quando finalizei no ano de 2006 um diagnóstico sobre a pesca e os pescadores de Itupiranga e Nova Ipixuna margem esquerda e direita do rio Tocantins constatei vários falsos pescadores, lembro que o tal resultado causou certo desconforto na diretoria da Z-44 e em muitos políticos com poder local. Em audiência pública na câmara municipal daquele município com a presença do Juiz da comarca do município, vereadores e centenas de pescadores artesanais também falei da diminuição dos estoques de espécies de peixes locais.  

LEIA ABAIXO O RESUMO DO RESULTADO DA PESQUISA QUE REALIZEI EM ITUPIRANGA NO ANO DE  2009.

Foi observado que toda a atividade pesqueira nos locais estudados é praticada em canoas de madeira, acoplados com motores estacionários rabeta e/ou remo. Os apetrechos utilizados na maioria das vezes são redes malhadeiras com malhas entre 07 a 14 entre nó e, com menor importância as tarrafas e anzóis. Também foi observado que muitos pescadores utilizam malhas inferiores a 6 mm e também pescam no período de defeso, mesmo recebendo o seguro desemprego do governo federal. Com relação ao sexo desses profissionais, foi concluído que a grande parte que executam a atividade embarcada é composta por homens. Poucas mulheres praticam a pesca de fato, as “pescadoras” que estão cadastras nas respectivas colônias visitadas tem apenas registros nas mesmas para se beneficiarem dos benefícios previdenciários dessa categoria.Também, através de informações obtidas nas comunidades e na sede do Município, pode-se afirmar que em Itupiranga, 30% dos associados nunca pescaram na vida e 35% estão fora das atividades pesqueiras a mais de 4 anos e possuem outras rendas superiores as que obtinham anteriormente na pesca. Entretanto, conforme a legislação vigente, essa prática descaracteriza o associado como pescador artesanal.

Texto e Fotos: Nadson Oliveira

domingo, 2 de outubro de 2011

Estudo mostra o futuro drástico dos igarapés da Amazônia.

Os processos de urbanização de forma desordenada têm tido um papel fundamental nos danos ambientais ocorridos nas cidades. O rápido crescimento causa uma pressão significativa sobre o meio físico urbano, com conseqüências como: poluição atmosférica, do solo, das águas, deslizamentos, inundações, etc., culminando em um cenário onde as aglomerações possuem altos índices de ocupação informal, carente de infra-estrutura e serviços, caracterizando os assim chamados assentamentos urbanos precários. No município de Itupiranga uns dos principais vetores de pressão sobre o meio ambiente é a ocupação irregular e as pastagens em áreas que deveriam ser de preservação permanente, incluindo nestas as margens dos igarapés. Nestas áreas tem-se o Igarapé da Cigana, importante afluente local do Rio Tocantins. Este igarapé, como tantos outros da região, apresenta problemas de poluição e ocupação irregular sendo, portanto de extremo interesse o levantamento do quadro atual do uso e ocupação do solo ao longo deste.

Devido à falta de moradia e até mesmo o interesse econômico, no Município de Itupiranga, vem acontecendo invasões em APPs, sendo que essas áreas são de extrema importância para a manutenção dos mananciais que existem na região, por apresentar grande número de nascente as quais fazem parte da microbacia do Igarapé da Cigana, importe afluente da margem esquerda do rio Tocantins. Cerca de 200 famílias, no final do ano de 2008, passaram ocupar uma grande área, a qual engloba a mata ciliar desse rio, e construíram suas moradias (assentamento precários) nas faixas marginais dos cursos d’água, áreas consideradas de preservação permanente, causando uma pressão significativa. Esta ocupação acarretou na retirada da vegetação arbórea nativa, deixando os cílios do igarapé desprotegido, levando ao assoreamento e futuras inundações no período chuvoso.

As APPs localizadas ao redor das nascentes e cursos d’água têm função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade. Descritas no artigo 2° e 3° do Código Florestal, lei n°. 4.771/65, estas áreas, independente de estarem ou não revestidas com vegetação nativa, pública ou privadas, resguardam amostras significativas de ambientes naturais, características que devem ser perpetuadas e por tanto, não podem ter nenhum tipo de exploração dos recursos naturais.
Os peixes de pequenos igarapés possuem um grande atrelamento com as matas ciliares (APPs), tanto para a obtenção de alimentos, como insetos e frutos que caem na água, quanto para obtenção de proteção e abrigo, fornecido pelas folhas, galhos e troncos. Nos córregos e pequenos igarapés existem uma enorme quantidade de espécies de pequeno porte e também de alevinos.
Nadson Silva Oliveira
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
2009