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Amazônia, Pará, Brazil
Gestor Ambiental, Técnico em Pesca e Aquicultura, com experiência em pesca artesanal continental, estuarina e litorânea. Trabalhou no Departamento de Ictiologia do Museu Paraense Emílio Goeldi (convênio, FINEP/IBAMA/MPEG/CNPq); no Projeto de Manejo dos Recursos Naturais da Várzea, Sub Projeto Estatística Pesqueira, do Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais do Brasil do Ministério do Meio Ambiente (conv. MMA/FADESP/UFPA); no Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM / WWF) e foi colaborador na Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Medicina e Segurança do Trabalho (FUNDACENTRO-Pará / Mistério do Trabalho e Emprego.). Atualmente é Extensionista Rural da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará – EMATER.

domingo, 25 de março de 2012

VER-O-PESO ou VER-O-PEIXE?


  


A origem do Ver-o-Peso data da segunda metade do século XVII. Em 27 de março de 1687 os portugueses criaram um posto de fiscalização e tributos, a casa do Haver-o-Peso no local que até então se chamada porto do Piri. Mas a pedra do Ver-o-Peso onde atualmente acontece o desembarque começou com um simples ancoradouro, onde embarcações de todo mundo aportavam na Baía do Guajará, formada pelos rios Guamá, Moju e Acará.  Embora a venda de pescado já viesse acontecendo desde 1839 com a extinção da casa do Haver-o-peso, o inicio da construção do Mercado de Ferro foi somente no ano de 1899. Toda a estrutura de ferro do Mercado foi trazida da Europa. Atualmente ali encostam tanto os barcos de pesca quanto as pequenas canoas. Sua localização dentro do centro comercial e histórico do município de Belém é visivelmente inadequada para o desembarque de pescado. Possui um apoucado espaço físico, dos 30 mil metros quadrados que compõem o complexo do Ver-o-Peso, apenas 300m² é destinado ao desembarque do pescado, e sem nenhuma estrutura de entreposto pesqueiro. Em contrapartida, sua localização geográfica com relação aos demais portos das capitais da região Amazônica, o tornou o maior centro de comercialização de pescado da captura artesanal de todo o território nacional. Nele atraca diariamente embarcações dos municípios do estado do Pará, Amazonas e Amapá. Este privilégio de estar próximo tanto das águas doces, como salobras e salgadas, é determinantemente essencial para o escoamento de boa parte dos pescados capturados nesses três estados da Amazônia, considerados grandes produtores, que atualmente juntos, tornam o norte como o maior produtor de pescado do Brasil.

O desembarque é maior no final do primeiro semestre e início do segundo e, estes períodos são denominados de Safra da região do salgado e Rio Amazonas respectivamente. Os picos de desembarque ocorrem nos meses de junho a outubro. No primeiro semestre o aumento do desembarque acontece nos últimos meses e estão diretamente ligadas as safras da região do Salgado (Bragança, Viseu, Boa Vista, Quatipuru, Marapanim, Curuçá e Salinas), no nordeste Paraense e das espécies de lagos da ilha do Marajó (Soure, Cachoeira do Arari e Santa Cruz). No segundo semestre, o grande volume de desembarque acontece principalmente no mês de agosto, devido o grande volume de pesca que acontece no baixo amazonas (Gurupá, Almeirim, Monte alegre e Santarém) e baixo Tocantins (Marabá, Tucuruí, Itupiranga e Jacundá).

A comercialização se dá todos os dias da semana no período das 3 às 9 horas, com a atividade do balanceiro, os quais vendem para atravessadores, supermercados, caminhões frigoríficos do nordeste, centro oeste, sudeste e sul do país, feiras da região metropolitana de Belém e para empresas frigoríficas de Icoaraci, Vigia, Bragança e Curuçá, ambas no estado do Pará. Somente no segundo domingo do mês de outubro, no Círio de Nazaré, é que é encerrada a comercialização.

“Os tempos passaram e o ver-o-Peso continua sendo o mais belo cartão postal da Amazônia. Guardando seu passado vivo e construindo um presente cheio de novidades para o futuro”.

Nesta data tão especial so tenho a agradecer o tanto que aprendi nesta Universidade chamada de Ver-o-Peso. Foram 15 anos de trabalhos (pesquisas), andando com minha prancheta pela pedra e pulando de barco em barco. Ainda  hoje, quando tenho alguma dúvida ou preciso de uma bela imagem volto sempre lá. Parabéns e obrigado a todos que contribuiram com o meu trabalho e ainda estão no veroca: balanceiros, encarregados, pescadores, vendedores da pedra, carregadores de caixa e peixeiros do mercado de ferro.

Texto e Imagem: Nadson Oliveira (parte de texto/direitos reservados)
Ano: 2004

terça-feira, 13 de março de 2012

A importância da Pescada Gó para os pescadores artesanais do Pará.

Macrodon acylodon

Este peixe agita a economia das vilas de pescadores dos municípios localizados na costa atlântica do Pará, no período de março a junho. E também, é a mais importante das faunas acompanhante das pescarias de arrasto do camarão, infelizmente. Tem uma excelente aceitação no mercado de Belém, inclusive sua oferta, independente de demanda, reduz os preços de outros pescados. O prato a base de filé de Gó é excelente. Mesmo sem estatísticas para constatar os fatos, é certo afirmar que venha havendo uma grande queda nos estoques da espécie, principalmente na região do município de Bragança. Nos anos de 2004,2005 e 2006, observei a primeira grande queda na safra, comparando com os desembarques dos anos anteriores no ver-o-peso e outros portos/trapiches da região. Essa situação é preocupante, pois, muitos pescadores artesanais aproveitam a safra deste peixe, para reformar e comprar novos apetrechos, barcos e materiais para confecção de currais (armadilhas), inclusive para trabalhar com outros peixes no 2º semestre do ano. Sem contar que na verdade quem lucra realmente com essa atividade, são os atravessadores que atuam diretamente nas pequenas vilas da região do salgado como, Treme, Caratateua, Bonifacio, Vila de Ajuruteua, Boa Vista, Porto da Alemanha, algodoal e demais comunidades pesqueiras.

Texto: Nadson Silva Oliveira (parte de texto/todos os direitos reservados)

sexta-feira, 9 de março de 2012

OS PEIXES DA AMAZÔNIA E OS ECOSSISTEMAS












A Ictiofauna da Amazônia é esplêndida, possui o maior número de espécies do mundo. Cerca de 200 são comercializáveis e tem ótimo valor econômico. Este desempenho decorre em grande parcela das privilegiadas condições naturais existentes na região para o desenvolvimento da pesca em vários ecossistemas aquáticos: rios, igapós, várzeas, campos alagados, águas estuarinos, águas costeiras e manguezais. A preservação do ajuntamento natural desses ecossistemas é de extrema importância para as espécies Amazônicas, pois, a maioria dos peixes que vivem no mar como, camurim, manjubas, tainha, peixe serra (espadarte), cação, penetram nas águas salobras e doces. Outros, vivendo em água doce vão para o litoral. A piramutaba e a dourada passam de água doce para a salobra e vice-versa, sem o menor incidente. Seja para reproduzir, se alimentar ou puramente genético, esta mudança de ambiente é muito comum para os peixes da Amazônia. O admirável mundo da fauna aquática do Norte do Brasil continua encantando, quando citamos os maiores peixes vivendo em ambiente não muito comum para seu porte. Nos rios e estuários, encontram-se o maior peixe de água doce do Brasil, o maior peixe de escama de água doce do mundo, os maiores bagres do Brasil, seja da família dos Ariideos e Pimolidideos, e as espécies mais cobiçadas pelos amantes da pesca esportiva do planeta, o Tucunaré como exemplo.

Texto e imagens: Nadson Oliveira (todos os direitos reservados)